
Muitos jovens, principalmente adolescentes, buscam uma imagem desconexa da realidade. A busca por músculos pode desenvolver um novo distúrbio, bigorexia ou conhecida popularmente no Brasil por vigorexia.
A Bigorexia, é um termo usado nos EUA (big em inglês significa grande), e tem sido base de estudos amplamente discutidos devido ao aumento do número de jovens que desenvolvem essa síndrome.
Afinal o que é bigorexia ou vigorexia?
É o nome dado para o transtorno dismórfico muscular, um problema psicológico que faz com que os pacientes se enxerguem fracos e sem músculos, quando são fortes e musculosos.

Diego Rosa é personal trainer, atleta, fisiculturista com mais de 24 títulos em sua trajetória, ele contou ao CC que já teve contato com jovens que apresentaram a vigorexia (biborexia) e aconselha cuidados especiais, “É comum hoje em dia pessoas que treinam há muito tempo desenvolverem a vigorexia. Pois, os jovens acabam não enxergando de fato como estão”, explicou o atleta.
Redes sociais, pandemia e a falta de alto estima
Um estudo publicado ano passado, no The Journal of Adolescent Health, avaliou quase 4.500 homens de 16 a 25 anos e constatou que 25% deles se preocupavam em não ter músculos suficientes, e que 11% deles usavam suplementos e hormônios para aumentar a musculatura.
A pandemia agravou ainda mais a situação. Isolamento social, quebra das rotinas diárias de escola, alimentação e atividade física, mais tempo na frente de telas e das redes sociais podem ter feito com que muitos jovens ficassem mais expostos a essas idealizações e com menos possibilidades de conversar a respeito disso com os outros.
Ainda de acordo com Diego é importante a ajuda de profissionais qualificados para identificar o distúrbio, “Eu já tive vigorexia e sei bem como é. Aconselho os jovens a sempre terem por perto um profissional da área que enxergue o comportamento e os sintomas. Quem vive acaba não entendendo e com certeza precisa de um olhar técnico para compreender o que está havendo. O tratamento psicológico, em seguida, também pode auxiliar”, contou.
Principais sintomas
- distorção da imagem corporal;
- preocupação excessiva com a dieta e ingestão de proteínas;
- prática de exercícios físicos até sentir dor ou ter lesões musculares;
- críticas constantes ao próprio corpo;
- consumo excessivo de suplementos alimentares;
- uso de esteroides anabolizantes;
- alterações de humor;
- perda de compromissos ou obrigações sociais para não deixar de malhar ou não sair da dieta;
- insônia;
- aumento da frequência cardíaca mesmo quando em repouso;
- menor desempenho sexual;
- sentimento de inferioridade.

Como é o tratamento para bigorexia?
O tratamento deve ser feito por uma equipe multiprofissional especializada, com médico, psicólogo, nutricionista e um profissional de Educação Física. Apesar de não existir uma terapia específica para a doença, algumas práticas usadas em quadros correlatos trazem resultados satisfatórios no tratamento da doença.
Um dos primeiros passos do tratamento é a suspensão do uso de anabolizantes. Esse processo pode ser bastante difícil para o paciente, por isso, o acompanhamento médico e psicológico é fundamental. Muitas vezes, essa ação é tomada em simultaneidade com a introdução de medicamentos antidepressivos à base de serotonina, com o objetivo de controlar os sintomas relacionados à ansiedade e o comportamento obsessivo compulsivo.
O tratamento psicológico é voltado para a recuperação da autoestima e identificação dos padrões distorcidos de percepção corporal. Esse trabalho estimula o reconhecimento de pontos positivos na própria aparência e a adoção de hábitos mais saudáveis. A prática de exercício físico não deve ser interrompida durante o tratamento.