Preço do boi tem maior alta desde 2021 e pode encerrar trégua da carne na inflação

Boi gordo alcança preços mais altos em março

O preço do boi gordo no Brasil subiu cerca de 10% em março, acumulando a maior alta mensal desde novembro de 2021 com a reabertura da China para a carne brasileira impulsionando a demanda, o que poderá ter algum impacto na inflação, segundo dados do centro de estudos Cepea e avaliação de especialista da FGV.

Com as recentes valorizações, a arroba bovina já é negociada praticamente nos mesmos patamares registrados em meados de fevereiro, antes do embargo da China em função de um caso atípico de “mal da vaca louca” no Pará, segundo relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgado nesta quarta-feira.

O indicador do boi gordo Cepea/B3 encerrou fevereiro a 267,95 reais a arroba, com queda de 7,2%, após marcar mais cedo no mês passado cerca de 300 reais. Com a reabertura na semana passada do mercado da China, que compra mais da metade da carne exportada pelo Brasil, o mercado subiu 10,2% em março até o dia 28, para 295,2 reais.

Essa alta deverá ser repassada para a carne, fortalecendo os preços após uma queda no varejo também na esteira da maior oferta doméstica gerada pelo embargo chinês, que foi encerrado na última semana em meio a uma missão oficial do governo brasileiro.

O contrafilé, importante componente da inflação, recuou 2,04% na última divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), colaborando para uma desaceleração no segmento de Alimentação do indicador. Mas a pausa na alta de preços deve ser curta.

Cenário do boi para 2022

Apesar da retomada de compras pela China, o especialista da FGV não considera que a carne e mesmo outros alimentos possam ser os vilões da inflação em 2023, como aconteceu em anos recentes.

Falando especificamente do curto prazo, ele lembrou que os preços da carne na inflação estão mais comportados também pelo período da quaresma, quando muitos católicos evitam o consumo de cortes bovinos.

“Então é um período em que a carne bovina tem diminuição da demanda e o ovo aumenta, o ovo sobe mesmo na quaresma porque é uma fonte de proteína, mas não é carne, há um efeito de substituição neste período”, disse.

O preço do ovo subiu 8% no IPCA-15

“Acho que o preço da carne vai subir em algum momento, você está mandando mais carne lá pra fora (com a reabertura da China) e está desabastecendo o mercado doméstico, isso já vai ter alguma repercussão sobre preços, mas ainda vai ser mais lento porque ainda estamos na quaresma”, comentou.

FONTE – FORBES

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